segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Lembranças



Hoje resolvi jogar lembranças fora.
Sobretudo, dos amores que nunca foram meus.

Deles ficaram o amargor do cigarro impregnado no algodão;
A pele arranhada dos pêlos;
O hálito ébrio e o perfume embrenhado em minhas entranhas.

Dos amores que nunca foram meus,
Ficou a vontade de ter ouvido promessas impossíveis;
Uma amargura para cada lençol onde deixei minhas vergonhas.

Das lembranças que hoje sepulto,
Vai um pedaço de mim em cada uma delas,
E que agora confesso: nunca quis vivê-las.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Era pra ser um poema




Sabem aquela história de “o melhor chega de repente”?
Acho que ele é esse estranho que bateu à minha porta,
Entrou sem cerimônia,
E agora está na sala tomando do meu café
Que preparei sem pressa e sem açúcar. 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Linha do Horizonte

Ao meu grande amigo, o irmão que a vida me deu, Junior Ramone. Que está comigo sempre e quando mais preciso. Que me faz feliz só de em vê-lo. E bem mais forte. Obrigada por  permanecer em minha vida. TE AMO!  



Amizade é reconhecer-se no outro.
É quando o silêncio fala o que se quer ouvir;
Quando o abraço é o melhor conselho.
É o vinho nos aquecendo em dias frios...

Como a passividade da linha do horizonte,
O vento fiel ao seu percurso,
A pontualidade da lua para com suas fases;
És o ponto de equilíbrio dos loucos que atropelam seus caminhos
à procura de um Norte;
O chão firme que recebe piedoso,
os desvairados que nele se atiram para por fim às suas dores.

Nasceste livre. E é desta fibra, senão que vive, faz os teus amigos e os alimenta,
Como o sangue que pulsa no coração inquietante.

Que seja livre, meu amigo.
Que seja sempre livre!
Fazendo-nos bichos do mato,
Caçando a vida para que ela não nos devore!

sábado, 27 de outubro de 2012

Dessas, Daquelas, de todas que afogam suas Amélias.


“Eu quero mais é me abrir
E que essa vida entre assim
Como se fosse o sol
Desvirginando a madrugada
(Não Dá Mais Pra Segurar [explode coração], Gonzaguinha)







Ela é dessas de vida fácil. Não se vende. Entrega-se por paixão às aventuras; aos amores impossíveis; às carências incuráveis. Nunca a viram chorar. Nunca. Não porque a tristeza não tenha lhe visitado alguma vez. Em verdade, mente para si mesma o quanto é inquebrantável.  Em noites de solidão, engole as amarguras num copo com gelo e Rum. É dessas que se apega aos vícios para preencher vazios.

Enquanto criança, foram os livros os únicos amigos que a timidez a permitiu ter.  Não falava, não sorria, sequer piscava os olhos. Suspeito que em momentos de sociabilidade, não tenha respirado. Era daquelas que passavam despercebidas, sem nada acrescentar.
Chegou na juventude como foi em toda sua vida: invisível. Foi num desses dias em que se é preferível não levantar, que ela o conheceu. Deu com ele na segunda esquina, quando ia à padaria, como todos os dias fazia logo bem cedo. Poderia ser mais um, entretanto, ele esbarrou, parou, pediu desculpas, ofereceu um café. Ela desnorteada, piscou, tentou um sorriso que insistia não querer sair. Disse sim com as feições que lhe foram cabíveis. Finalmente respirou.
Ele é daqueles que, mesmo se a beleza não o tivesse abraçado, seria igualmente irresistível. Voz de sussurro ao acordar; dentes à mostra tão alinhados e despidos de vergonha quanto os olhos deixando a alma saltar em euforia.
Ele a viu, a desejou, a conquistou, mas nunca a amou. É desses homens que têm o coração impenetrável. Não duvide se eu disser que ele sofre. Sim, meus caros, ele sofre! Sofre por nunca conseguir amar. E não há sofrimento igual, ao de nunca alcançar o maior de todos os deuses. E quando viu aquela jovem que o medo a impedia até mesmo de sorrir, acreditou que podiam salvar um ao outro. Em vão.
Entregaram-se. Corromperam-se. Mas não se amaram. O amor era aquele bicho selvagem que quanto mais o perseguiam, mais ele se embrenhava no mato. Amor é bicho esperto. E, mesmo se capturado, não há cabresto que o consiga prender no peito.
Cansaram-se. Como tudo que não nos basta, nos cansa irreversivelmente. Ele partiu assim como veio. Pegou um novo rumo logo que chegou na esquina onde o acaso topou com eles. Ganhou o mundo. Nunca volta. Por que voltaria?
Ela, dessas que nunca choram. Procurou nos homens a felicidade que nunca foi capaz de encontrar em si mesma. Mas, quem sabe um dia? Enquanto isso esbarra em bares; noites frias; bocas doentias; mãos frívolas infiéis; amores que nunca serão seus. Nunca.

domingo, 30 de setembro de 2012

Boteco


Preciso de um porre.
De uma vida nova.
Ou simplesmente de uma paixão que torne meus dias 
um grande inferno.
Mas eu preciso de alguma coisa que faça-me sentir viva.
Estou quase morta.
O que é o mesmo de não existir. 


Só preciso de mais uns copos... 






sábado, 29 de setembro de 2012

Comigo



A vida é o vento gelado da madrugada
Que dá comigo na rua:
Pés descalços sobre o asfalto;
Braços em liberdade
Cumprimentado a lucidez que ligeira passa...

A vida é solidão embriagada

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Cinzas


"Não mandarei
Cinzas de rosas
Nem penso em contar
Os nossos segredos"

(À sua maneira, Capital Inicial)




Enterro agora – Sem choro e sem flores,
Os versos que te escrevi tão solenemente.
As lembranças mais profanas;
Os beijos sugados entre uivos;
A vontade em tê-lo Norte...

Enterro sem luto;
           Sem remorso,
O diabo de paixão que a ti devotei -
                           Arbitrariamente.


Rayane Medeiros

domingo, 9 de setembro de 2012

Lapsos





Nem imaginava,
Mas aquele seria apenas mais um em
sua vida...

Mais um a comer da tua comida,
Sentir teu hálito de hortelã de manhã
bem cedo,
Trocar saliva e dizer adeus entre risos...

Mais um em sua cama
A deixar nos lençóis dormidos, 
O amargor do perfume amadeirado;
O suor do amor vadio...

Nem imaginava,
Mas aquele seria apenas mais um que lhe arrancaria versos;
Mais um nas entrelinhas, entre linhas confidenciais,
Entre lapsos de solidão...

Em Contagem regressiva – Inédidos e dispersos





Acreditei que se amasse de novo
Esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei.
Num delírio de arquivística,
organizei a memória em alfabetos,
como quem conta carneiros e amansa.
No entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos.

sábado, 25 de agosto de 2012

Trapos


Sem mais trapos de amores vadios.
Ande lá com tua vida já partilhada,
Que, cá fico eu,
Sucumbindo à vontade de sentir teus pêlos,
Instigando minhas entranhas.


Rayane Medeiros

sábado, 28 de julho de 2012

Colo Abrigo


A Júlio Romão, meu irmão por afeto, e a quem lhe devo minha eterna gratidão, pelo colo sempre disponível para eu afogar minhas mágoas.






Da vida que vez e outra nos surpreende,
A gente esbarra em outra vida que nos transborda
E faz dos versos nunca escritos,
Afeto indizível,
Laço indestrutível...

Da vida que vez e outra nos fascina,
A gente se reconhece em outro corpo,
Conforta-se num abraço,
Acrescenta-se num sorriso,
Faz dos defeitos, elo intransponível.

Da vida que vez e outra nos presenteia,
A gente faz de um amigo a nossa fortaleza,
Cúmplice errante,
Parceiro de bar, de vida;
A alma que não desgruda do corpo.

Da vida que vez e outra estanca,
São os amigos as engrenagens que a impulsionam;
Que nos movimentam,
Que nos deixa ser, nessa vida que não deixa...


Rayane Medeiros

domingo, 8 de julho de 2012

O Bem Que Te Quero



Não é amor não,
Mas é um bem que te quero mais -
Mais perto todo dia!
E outro dia quem sabe,
O teu desejo o traga novamente pros meus braços.
Mas se teu querer for apenas doses de luxúria,
Sossega-me e vá-se de uma vez,
Deixa eu cá, fantasiando alegrias...


Rayane Medeiros

sábado, 30 de junho de 2012

Seleção Natural




Quase onze horas da manhã, aproximadamente 40° C à sombra. Calor, quentura, mormaço, tudo junto, e eles lá, expostos, com os polegares humildemente erguidos e engolindo a poeira levantada pelos carros que passam ligeiros, fingindo não os ver. É assim, todos os dias, que os estudantes da UERN esperam pacientes (ou não) sua ida para casa. Eles riem de si, imploram, xingam, praguejam, um ou outro desiste, vai embora andando, agradecendo a Deus por ser aluno da UERN. Privilegiado. Afinal de contas, quem não gostaria de estar em seu lugar, não é mesmo?! Mas tudo bem, amanhã será outro dia, e lá estará ele, novamente, com os outros, que já saem da sala passando protetor solar, junto com seu kit carona: os óculos, o guarda-sol e o jaquetão jeans, disfarçando como ninguém, o inferno de se estar usando aquilo embaixo de um sol escaldante.
Mas eles não desistem, ora essa! E por que desistiriam? São privilegiados, esqueceram?
Nem se incomodam em passar quarenta minutos ou uma hora de pé sob o sol castigante; sob a chuva, que faz do Campus um pântano lamacento, ou a fome sem café da manhã. Fome? Imagina! Nem precisa almoçar, espera-se o jantar! Emagrece e ainda economiza comida. Não é excelente?! Pois sim, pois que se diminua uma refeição, de lucro ainda nos sobram uns tostões para a cópia dos textos. Os professores agradecem, sem dúvida!
Dito isso, entende-se que não há motivos para alarde. Que continuem os caroneiros insolentes que, ridiculamente, pedem carona à madame do “possante” – modelo última geração, marca não identificada, vidro fumê – que por eles passa à distância não calculada, evitando qualquer possível ataque; que alarma num simples e levantar de dedos pidões. Ele quase voa por entre o Campus, levantando do chão a terra quente e solta, que insistente vai encobrir os privilegiados que de tão empoeirados quase se perdem de vista.
Aposto que não sentem o mínimo de inveja de seus colegas das outras regiões, pois estes (tão privilegiados quanto o resto) têm um ônibus disponibilizado pela prefeitura de suas respectivas cidades, para levá-los e trazê-los da universidade. Inveja por que, né?!
Já se disse que o sofrimento é o que enobrece, pois este não seria um ótimo ensinamento para esses estudantes? E repito, são privilegiados! É assim: enquanto eles lamentam, outros desejam seus lugares. É a verdadeira Lei da Seleção Natural. Não aguenta? Então cai fora, malandro! 

Reticências



Do pecado de ser instável,
                    De ser volúvel,
                    De nunca abster-se:
Sou-me intensamente -
                   Permito-me,
                   Reinvento-me,
Desfaço-me em reticências...




Publicado inicialmente em http://textodegaragem.blogspot.com.br/

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ônibus: Nunca vi, nem 'peguei', eu só ouço falar




Uma coisa é certa, nos últimos anos o Pobre passou a ter acesso a bens que talvez jamais tivesse, como por exemplo, o seu próprio meio de transporte.  Mas mesmo com este salto das classes inferiores, a maior parte da população infelizmente, ainda não adquiriu o seu tão sonhado carro ou sua moto e necessita do transporte público para ir ao trabalho ou mesmo dá um passeio. Mas em Mossoró o que parece é que todos já têm o seu meio de locomoção e não necessita do serviço público, pois a falta de veículos para tal é um verdadeiro absurdo!

Esperar um ônibus nesta cidade se tornou sinônimo de dor de cabeça! A quantidade dos veículos é insuficiente para oferecer à população um serviço digno. As pessoas têm de esperar longos minutos, senão mais de uma hora nos pontos por um serviço que elas pagam e que lhes é oferecido de péssima qualidade.

Com a falta de veículos, surgiram mais táxis e foi criado o moto-táxi, mais usado pela população por ser mais prático e até mesmo mais econômico, mas como o custo é ainda superior ao que é cobrado pelo transporte público, não é todo cidadão que pode custear esses serviços, tendo que submeter-se a longas esperas.

Essa é a cidade modelo em desenvolvimento? Em cultura? Então me digam, cadê o repeito pelo cidadão simples, humilde, que trabalha diariamente, sol a sol nos alicerces para manter esta cidade firme?



CAOS COLETIVO


No 5º período de Jornalismo, eu e meus colegas de turma Cleânia Cristina, Marília Gabriela, Makcion Müller e Ramon Fernandes, com a orientação do Professor Esdras Marchezan, elaboramos um site tendo como pauta o http://www.wix.com/ramon-vitorf/caoscoletivo#!

sábado, 16 de junho de 2012

Riso




Dos vícios que coleciono na vida, o riso é o que menos resisto -
Aquele rir de dentes arreganhados, que mastiga meu juízo,
Pressionando os lábios num convite subentendido
Pr’um beijo intercalado de arrepios.

Dos vícios que coleciono na vida, o riso é o maior dos irresistíveis;
Que me leva ao pecado de ser vadio. 



Rayane Medeiros

Fogo de Palha



Não demore moreno,
Que minha Vontade tem vontade própria
E logo finda se teu fogo não vier transbordar o meu.  




Rayane Medeiros

sábado, 2 de junho de 2012

Perdição




E por não haver amor,
Ando atada à liberdade,
Tragando risos,
Enterrando desilusões.

Desenfreada,
Colecionando desapegos,
Entrelaçando-me em outras vidas,
Descartando frustrações.

Estou entregue à sorte,
À vida,
Às noites que viram dias;
Embrenhando-me nas esquinas que me espreitam,
Às estradas que me guiam.

E por não haver amor,
Rendo-me.
Estou entregue à perdição. 


Rayane Medeiros

sábado, 19 de maio de 2012

Explícito





"O que será, que será?
Que vive nas ideias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos..."
(O Que Será, Chico Buarque)






Eu não lhe quero versos,
Nem palavras de amor eterno.
Quero teus puxões em meu cabelo;
Teu amargor em minha boca;
Teu fluído instigando o meu...

Quero teus pêlos me arranhando a cara;
Tuas mãos marcando a pele;
Teus lábios pressionando os meus.

Eu não lhe quero versos,
Nem promessas dissimuladas.
Quero tua carne me rompendo –
                           Corrompendo-me;
Teu pudor se dissipando ao meu. 


Rayane Medeiros

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sorria






Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando há nuvens no céu,
Você conseguirá...

Se você sorrir
Com seu medo e tristeza
Sorria e talvez amanhã
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena se você apenas...
Ilumine sua face com alegria
Esconda todo rastro de tristeza
Embora uma lágrima possa estar tão próxima
Este é o momento que você tem que continuar tentando
Sorria, de que adianta chorar?
Você descobrirá que a vida ainda continua
Se você apenas...

Se você sorrir
Com seu medo e tristeza
Sorria e talvez amanhã
Você verá que a vida continua
Se você apenas sorrir...

Este é o momento que você tem que continuar tentando
Sorria, de que adianta chorar?
Você descobrirá que a vida ainda continua
Se você apenas sorrir

domingo, 13 de maio de 2012

Incondicional


Para minha mãe



Eu poderia lhe presentear –
Se assim fosse possível,
Com toda riqueza deste mundo e,
Ainda assim,
Meu débito jamais seria pago –
As noites em claro quando a doença chegava indesejada;
O compromisso em me ver alfabetizada;
O incessante limpar de chão alheio para a comida não faltar.
Nada, absolutamente nada disso,
Poderia ser pago...

Poderia cobrir sua vida de conforto
E prazeres que lhe foram privados
Pelo dinheiro sempre curto
E, ainda assim,
Os calos continuariam marcados em suas mãos;
O suor do trabalho árduo eternizado em suas costas doídas e cansadas.
Eu poderia dar à sua vida – a toda ela,
Aquela folga tão sonhada que suas obrigações nunca lhe permitiram ter
E, mesmo assim,
Minha dívida continuaria –
Eu não pagaria a sua obrigação extra,
Em tê-la sido pai,
Quando a ausência sempre o manteve símbolo.
E você o foi como nenhum outro jamais seria.

Eu poderia te dar a vida que tanto merece e o destino poderia ter-lhe concedido,
Mas seria eternamente devedora –
Suas rugas em volta dos olhos e os cabelos brancos que avançam com a idade,
Continuariam me encarando,
Apontando-me pelas falhas que eu poderia ter evitado;
Pelos constrangimentos que me pesam num martírio;
Pelo grande orgulho que eu deveria ser,
Mas peco continuamente como ser humano.
Eu poderia te dar a minha própria vida para me redimir
Do peso que lhe tenho feito carregar,
Porém, morreria endividada.

Então, ofereço, humildemente,
As minhas mais sinceras desculpas.



Rayane Medeiros

domingo, 29 de abril de 2012

Eu Comigo





Muito briguei eu comigo,
tive raiva,
me insultei.
E, de incontido desgosto,
em meu próprio ombro chorei.

Murro em Ponta de Faca




Nunca Mais poderei sair do meu lugar
(Comigo dentro, o mundo e a alma em igual situação).
Para sempre. Eternamente:
Escreveu-me Deus.
(Enquanto houver ser, eu não sairei de mim).