Eu
poderia lhe presentear –
Se
assim fosse possível,
Com
toda riqueza deste mundo e,
Ainda
assim,
Meu
débito jamais seria pago –
As
noites em claro quando a doença chegava indesejada;
O
compromisso em me ver alfabetizada;
O
incessante limpar de chão alheio para a comida não faltar.
Nada,
absolutamente nada disso,
Poderia
ser pago...
Poderia
cobrir sua vida de conforto
E
prazeres que lhe foram privados
Pelo
dinheiro sempre curto
E,
ainda assim,
Os
calos continuariam marcados em suas mãos;
O
suor do trabalho árduo eternizado em suas costas doídas e cansadas.
Eu
poderia dar à sua vida – a toda ela,
Aquela
folga tão sonhada que suas obrigações nunca lhe permitiram ter
E,
mesmo assim,
Minha
dívida continuaria –
Eu
não pagaria a sua obrigação extra,
Em
tê-la sido pai,
Quando
a ausência sempre o manteve símbolo.
E
você o foi como nenhum outro jamais seria.
Eu
poderia te dar a vida que tanto merece e o destino poderia ter-lhe
concedido,
Mas
seria eternamente devedora –
Suas
rugas em volta dos olhos e os cabelos brancos que avançam com a
idade,
Continuariam
me encarando,
Apontando-me
pelas falhas que eu poderia ter evitado;
Pelos
constrangimentos que me pesam num martírio;
Pelo
grande orgulho que eu deveria ser,
Mas
peco continuamente como ser humano.
Eu
poderia te dar a minha própria vida para me redimir
Do
peso que lhe tenho feito carregar,
Porém,
morreria endividada.
Então,
ofereço, humildemente,
As
minhas mais sinceras desculpas.