sexta-feira, 24 de junho de 2011

Não Mais Que De Repente


Chegou –nos então, O  Fim.
Roubando-nos grosseiro as alegrias vividas,
Os sonhos de um futuro bom.

Chegou-nos,
Não tão de repente,
Mas dolorido,
Como veneno corroendo a carne viva,
Nos consumindo o peito ferido.

Chegou-nos,
Dilacerando as lembranças
Muitas;
Nos deixando em partes,
Rompendo de vez,
Os percalços dos amores comuns.

Chegou-nos,
Lento e indesejável,
Pondo abaixo o castelo das ilusões findas,
O desejo de ser eterno,
O amor dos mais incertos.

Chegou-nos, enfim.


Rayane Medeiros

domingo, 19 de junho de 2011

Retrato


Habita instigante meu peito vazio
Me corrói a memória
Me fere a alma
Amarela sem culpa
O sorriso escasso e
Sincero.
A Saudade já não me visita,
Instalou-se;
Fez moradia precisa
Em meu ser ausente.
Ela quem me esmaga as horas
Me rouba os dias felizes
Me nostalgia sem remorso.
A Saudade sempre esta lá,
Estampada n’um retrato antigo
das alegrias findas.
Me esmigalha as lembranças
Que já não são tão bem-vindas.
Me põe à prova
Me fazendo conviver com aquele ser
Que já não se reconhece,
Que já não me pertence,
Que já não sou...


Rayane Medeiros

sábado, 11 de junho de 2011

Hábito

"Um Hábito não é uma necessidade" (Fernando Pessoa)



Viver não ficou para todos
Sou mais um que apenas existe.
O sorriso me falha na cara
As mãos já não conseguem entrelaçar
Os lábios desistiram de tocar seus pares
A morte me sussurra vez ou outra
Em noites assim
Frias
Solitárias
Com os gatos interrompendo o silêncio familiar.
Mas algo me prende
Me consome
Como vermes vadios roendo um corpo frio
Permaneço eu
Devorando o próprio sofrimento.
Seja como for,
Eu simplesmente fico
Me excitando
Prazerosamente
Masoquistamente
Sem rancor ou pudor
Como n’um passatempo habitual que já
Me consumiu o ânimo.
Já não há o que me instigue
Me inspire
Que para a vida me convide.
Deixe estar, é o que digo,
Deixe estar!
Uma hora tudo há de se findar.


Rayane Medeiros

sábado, 4 de junho de 2011

Senhor de Mim



Eu,
Senhor de Mim,
Já não me reconheço,
O vazio reina soberano;
As paixões já não me interessam,
Não me consomem
Nem, ao menos, me percebem.
As alegrias
Não me satisfazem,
Não me preenchem,
Sequer me surpreendem.

Eu,
Senhor de Mim,
Deixei de amar por engano
Andei errante –  
Avulso,
Alheio, de mão em mão.
Cansado de ser,
Resolvi sentir...
O destino, então cruel,
Me confessa, insistente,
Que já não sou mais
Para o amor...
Este, por mim,
De tanto esperar, cansou

Eu,
Senhor de Mim, 
Carente, 
Tristonho,
Resistindo à solidão em que me encontro,
Pergunto-me se foi
A vida que estancou de repente ou
Se eu estou às pressas,
Arredio, 
Confuso,
Insaciável.

Eu,
Senhor de Mim,
De tanto ser,
Já não me sou.



Rayane Medeiros