sábado, 26 de novembro de 2011

Testemunha oculta

A noite foi testemunha do inevitável –
Do riso,
Do laço,
Da nostalgia.

Testemunha da embriaguez que envolvia-nos;
Do sussurro intercalado,
Dos olhares em demasia.

A noite foi testemunha das mãos que nos prendiam;
Da palavra que nos vicia,
Do pudor
Que nos oprimia.

Testemunha do receio;
Do medo,
Do tato –
      Em desespero.

A noite foi testemunha do sacrifício em conter-me,
Sufocar-me,
Reprimir desejos.


Rayane Medeiros

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Firmamento

Ao poeta Mário Gerson, que o tornou mais belo.



Por hoje obriguei-me a dizer-te não;
Abrir-me para o acaso,
Para os laços que me libertam –
                                       Libertinam-me!

Obriguei-me a não pensar em ti,
Não desejar-te
Ou sentir teu metal pressionar meus lábios –
                                                        Deliciosamente.

Obriguei-me a sair ao sol,
Sentir o vento resfriar a pele aquecida,
Desviar olhares indiscretos,
Sentir-me outra, que não sua.

Obriguei-me acalantar alvoroços,
Destruir firmamentos,
Adormecer os olhos fantasiosos,
Esquecer-te plenamente.

E deliciosamente aqui
Estar assim, solitária de mim.



Rayane Medeiros

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Do Encontro


E nada mais anseio,
Senão o dia em que
Meus olhos inquietos,
Cruzarão com os teus;
Meus braços insistentes,
Encontrarão seus pares e
Meus lábios eufóricos,
Contentar-se-hão,
Morrer em tua face.


Rayane Medeiros

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pelo Avesso

"Você me deixa tonto, minha cabeça roda
Um dia desses eu vou caçar você (...)
Você sabe que me faz pirar,
Me faz pirar
Eu não quero ficar assim"
 (Breakout, Foo Fighters)


                                                          
Embrenha-se,
Vasculha-me arestas,
Fendas lúgubres em anseio.

És truque dissonante,
Abstinência dissolúvel
                      Em utopia.

Embrenha-se,
E fere sem tato,
Ardor,
Amargor impregnado...

És ilusão efêmera,
Miragem,
Fantasia em ebulição...

Embrenha-se
E, pontual,
Volta sempre a revirar-me.


Rayane Medeiros