terça-feira, 31 de maio de 2011

Altar Particular


Em mim faz
Redemoinhos de emoções
Me revira o ser Pensante
O espírito carente e arredio
Me toca a fundo
Sem rodeios
Em Abstrato

Borboletas esvoaçam faceiras
Fazem festa ao te ver chegar
O teu cheiro inteira
Me corrompe
Me fazendo flutuar

Já não és o ídolo em meu
Altar Particular
És o imperfeito
Fruto do pecado que vivo
És o que habita meus dias
A rotina vadia das horas
Tornando-a Caleidoscópica
Poética
Tragável ao meu apetite feroz
És o que me guia
Me atiça
Me inebria
Quem alimenta minha alma.




Rayane Medeiros

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Poema ao Sr. N.


E então o Mar
Cruzou com o Rio
Turbulentas desaguam -
Irresistíveil
Traiçoeiramente
Tuas Águas
em Meu Ser Poente.


Rayane Medeiros

domingo, 22 de maio de 2011

Errante

Cena do filme "The Fantom of the Opera" ( O Fantasma da Ópera)
 
Na solidão de meus dias
Permaneço preso sob a muralha que
Eu mesmo construí.
Sinto-me cada vez mais perdido
Entrando em desespero.
Não há a quem recorrer
Gritei por muitas vezes e agora estou sem ar
Me sufocando
Me reprimindo
E lembrando meus pecados.
Perdi-se tempo esperando o inatingível -
A perfeição nunca virá.
E do impenetrável
Caem ligeiras as pedras revoltas
E no chão reluz às migalhas
A máscara intacta de outrora
Deixando à vista
O ser errante do meu ser
Dando ao espetáculo
O fim dos dias perdidos.
E quem a mim vier,
Que queira assim,
Um completo e total obsceno.


Rayane Medeiros

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Elo


De mim me tens inteira
Me rouba o riso
O beijo
O arrepio do corpo frio.
Me rouba em partes
À furto
Sem que eu perceba.
E quando dou por mim,
Já não me sou.
Entregue estou às mãos amigas e
Sinceras que nas entrelinhas
Me saciam sem pudor.
Já não nos somos tão somente amigos
O desejo então nos uniu
Nos consumiu
E nos despertou o insaciável.



Rayane Medeiros

sábado, 14 de maio de 2011

Inquieto

A Ramon Vitor, meu colega de curso, que com seu humor ímpar nos alegra o dia.

Ri seu riso habitual
Meio de lado
Indiscreto
Furtivo
Quase Intencional.

Mas rir-se.
E agita-se
Inquieto
Impaciente
No seu Estado
Expressivo
Corporal.

Rir-se irônico
Sagaz
De um humor
“Azedo”
Cativante
Que não tem outro
Igual.

Mas rir-se
E oscila insistente
Nos deixando alheios
Anéis de Saturno
Orbitando desiguais
Com seu prazer
Emocional.


Rayane Medeiros

terça-feira, 10 de maio de 2011

Drama Fúnebre


Faz frio aqui dentro –
Bem dentro de mim.
Meu coração está em pedaços e
A tua ausência é minha única companhia.
O desejo já não é mais desejo e
O amor é lembrança vaga.
Ainda sinto o teu cheiro no meu corpo
E isto me causa ânsia...
Mas qualquer forma de contato
Que me leve a você me enoja.
Estou cansado de todo este drama fúnebre
Agora há a noite,
O vinho,
As velas
E ainda, flores murchas sobre a mesa.
Há tempos que lá estão.
Não seria tão doloroso tudo isto,
Se nelas não houvesse tamanha tristeza.
Hoje, negras como a noite
Um dia, vermelhas como este sangue que
Dos pulsos me escapam
Pouco a pouco
Lentamente
Incansavelmente
E por hora,
Com vida.


Rayane Medeiros


sábado, 7 de maio de 2011

Entrelinhas


A vida é olhar para si e constatar
Que tudo não passa de uma grande farsa.
Que seus dias é uma “TV” ligada no mudo
Que os jornais não anunciam nada que lhe acrescente.
Na verdade, não é o que ela lhe proporciona, é o que você faz dela.
Isso é viver, ou sobreviver, que seja!
Ela é o suspiro insatisfeito,
Os olhos vazios pregados na janela
Contemplando a imensidão azul
Enquanto a superficialidade segue a passos largos sobre os pés vadios.
A vida é uma concepção barata da imagem que é vendida a altos custos.
É a solidão lhe fazendo companhia nas noites frias
O domingo que quando monótono não nos quer se dispersar;
Quando agradável, sequer esquenta o assento,
Vai-se tão logo quanto veio.
Ela é um andarilho vulnerável à desumanidade
O sol castigante no trabalho braçal do serviçal
É a dor traiçoeira que nos visita no meio da noite.
O silêncio do inocente
A pureza tirada à furto
O sexo se perdendo por entre o abismo acolhedor
O gemido abafado dos desregrados
A inferioridade gritante no semblante do desafortunado.
A vida é, sobretudo, a busca por encontrar consigo mesmo.
É a fumaça que nos pulmões aquece e tranquiliza o espírito
Ela é o delírio dos lúcidos
A filosofia dos loucos
Uma caridade promovida pela fama
É o gosto salgado do corpo
O sabor amargo do desejo gravado na boca
É o pecado dos que muito sabem da vida
A dor dos que pouco conhecem do amor.
A vida é o que lhe acontece nas entrelinhas
E não a felicidade egocêntrica
Estampada num sorriso metafórico
Tão habituado e cansado de se ver.
Isso sim é a vida.


Rayane Medeiros