sábado, 7 de maio de 2011

Entrelinhas


A vida é olhar para si e constatar
Que tudo não passa de uma grande farsa.
Que seus dias é uma “TV” ligada no mudo
Que os jornais não anunciam nada que lhe acrescente.
Na verdade, não é o que ela lhe proporciona, é o que você faz dela.
Isso é viver, ou sobreviver, que seja!
Ela é o suspiro insatisfeito,
Os olhos vazios pregados na janela
Contemplando a imensidão azul
Enquanto a superficialidade segue a passos largos sobre os pés vadios.
A vida é uma concepção barata da imagem que é vendida a altos custos.
É a solidão lhe fazendo companhia nas noites frias
O domingo que quando monótono não nos quer se dispersar;
Quando agradável, sequer esquenta o assento,
Vai-se tão logo quanto veio.
Ela é um andarilho vulnerável à desumanidade
O sol castigante no trabalho braçal do serviçal
É a dor traiçoeira que nos visita no meio da noite.
O silêncio do inocente
A pureza tirada à furto
O sexo se perdendo por entre o abismo acolhedor
O gemido abafado dos desregrados
A inferioridade gritante no semblante do desafortunado.
A vida é, sobretudo, a busca por encontrar consigo mesmo.
É a fumaça que nos pulmões aquece e tranquiliza o espírito
Ela é o delírio dos lúcidos
A filosofia dos loucos
Uma caridade promovida pela fama
É o gosto salgado do corpo
O sabor amargo do desejo gravado na boca
É o pecado dos que muito sabem da vida
A dor dos que pouco conhecem do amor.
A vida é o que lhe acontece nas entrelinhas
E não a felicidade egocêntrica
Estampada num sorriso metafórico
Tão habituado e cansado de se ver.
Isso sim é a vida.


Rayane Medeiros

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