sábado, 30 de julho de 2011

Visita Familiar


A solidão me visita vez ou outra
Em dias tristes, sobretudo
Quando o amor já não me alcança os dedos
E os meus braços frios já não se enlaçam aos seus

A solidão me visita pontual
Quando sua ausência me vem à tona
E sua lembrança impiedosa
Me sufoca em horas que se arrastam

A solidão me visita atenta
Quando o mundo me vira as costas
Ocupado o suficiente para ouvir-me lamentar
A vida vazia e fugaz

A solidão me visita em noites assim:
Alegres e convidativas
Quando tudo o que me resta é
Contemplá-la da janela com olhos relutantes de cristal

A solidão me visita intragável
Quando a fantasia se desfaz
Os sonhos tornaram-se inacessíveis
E a rotina diária já não me satisfaz

A solidão me visita inabalável
Quando o vazio já se fez
Quando minha vida já não me basta
E o meu mundo já se desfez.


Rayane Medeiros

sábado, 23 de julho de 2011

Acaso

"O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído" (Epitáfio, Titãs)

 

A liberdade o roubou de mim,
Me deixando entregue à sorte,
Aos dias infindáveis de inverno.
Levou-me os sonhos,
Os discos,
As flores colhidas no jardim.

A liberdade deixou-me a conversa inacabada;
O riso silenciado,
O beijo não saciado.
Levou-me não somente planos,
Mas parte do que jamais serei;
O  equilíbrio cobiçado pelos insanos.

A liberdade o cortejou
Para lançar-lhe ao pecado dos insaciáveis,
Deixando-me às diretrizes do acaso.
Levou-me o olhar ingênuo,
Restando somente o indiscreto e preciso;
O aventurar-se comum dos insensatos.

A liberdade o roubou de mim,
Deixando-me o vazio,
O vento frio no cabelo arredio.
Levou-me
e fez do permissível,
 minha prisão sem amarras.
Levou-me a vida,
levou-me de mim.


Rayane Medeiros

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Instintos


O  Proibido me veio em forma de verso
Como um Poeta a cortejar-me a vida insana e promíscua
Me veio n’um olhar displicente
Sem intenção primeira duvidosa.
O Proibido me veio como uma necessidade
Pronta para saciar-me as frustrações comum dos impulsivos
Me veio contraditoriamente para
Salvar-me e atirar-me no desvio de regras habitual.
O Proibido me veio ingênuo e traiçoeiro
Me fascinando doce e gentilmente
Para em seu infinito nos corromper recíprocos.
O Proibido me veio alheio
Entregue às suas próprias fraquezas emocionais
Me veio vulnerável
Submisso à minha luxúria.
O Proibido me veio Conflitante
Me pondo em jogo aquilo que fui, sou ou o que nada serei.
Me veio indomável
Deixando insaciáveis meus labirintos.
O Proibido me veio, simplesmente
E permanece, senhor de mim
Reinando soberano meus instintos naturais.


Rayane Medeiros

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Àquele Moço

"Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti"
(Sutilmente, Skank)

Nem imagina Moço,
Mas penso em você, às vezes
Em dias frios, sobretudo
Quando meus pés já não alcançam os seus
Quando nossas conversas ecoam em noites silenciosas
E meus labirintos lamentam famintos tua ausência.

Você me faz falta Moço,
Não o quanto gostarias
Mas fazes
E invade meus espaços inadvertidamente
Como um gatuno que ao cair da noite fica à espreita
Para em casas alheias tornar-se Senhor do Mundo.

Sabe Moço,
Hoje vejo que não foi a escassez de amor que nos distanciou
Mas sim o excesso
Que nos consumiu
Nos sufocou
E por fim nos desfez.

Me pego a interrogar-me Moço,
Como seria tê-lo novamente em meus braços
Saborear as alegrias perdidas
As juras de amor nunca pronunciadas
entre lençóis, aos sussurros
Num findar-se prolongado.

Não sei não Moço,
Mas quem ama sabe aquilo que sente
E a dúvida me persegue questionavelmente
O amor me é uma incógnita
Não o afirmo que o sinto
Assim como não o nego.

Estou à deriva Moço,
À deriva!
Tornastes-me a referência entre meu antes e depois
Não sei se sigo adiante
Ou se para ti eu retomo
Não fujo, simplesmente permaneço estática.

Mas Moço,
Não minto
Finjo ou lamento
É em ti que penso! 


Rayane Medeiros


domingo, 3 de julho de 2011

Fugaz


Se não for pra ser eterno
Que nos seja prazeroso
Intenso
Ofegante como ondas em mar aberto

Se não for pra ser eterno
Que ao menos na memória nos fique
Enquanto as recordações  nos fizer felizes
E um outro amor não nos visite

Se não for pra ser eterno
Que nos seja acolhedor
Sincero
Como carinho quente em noites de inverno

Se não for pra ser eterno
Que nos seja arrebatador
Impulsivo
E nos furte sem culpa o pudor

Se não for pra ser eterno
Que nos seja embriagador
Como um  veneno traiçoeiro e devastador
Mesmo que não seja amor...


Rayane Medeiros