sábado, 19 de maio de 2012

Explícito





"O que será, que será?
Que vive nas ideias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos..."
(O Que Será, Chico Buarque)






Eu não lhe quero versos,
Nem palavras de amor eterno.
Quero teus puxões em meu cabelo;
Teu amargor em minha boca;
Teu fluído instigando o meu...

Quero teus pêlos me arranhando a cara;
Tuas mãos marcando a pele;
Teus lábios pressionando os meus.

Eu não lhe quero versos,
Nem promessas dissimuladas.
Quero tua carne me rompendo –
                           Corrompendo-me;
Teu pudor se dissipando ao meu. 


Rayane Medeiros

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sorria






Sorria, embora seu coração esteja doendo
Sorria, mesmo que ele esteja partido
Quando há nuvens no céu,
Você conseguirá...

Se você sorrir
Com seu medo e tristeza
Sorria e talvez amanhã
Você descobrirá que a vida ainda vale a pena se você apenas...
Ilumine sua face com alegria
Esconda todo rastro de tristeza
Embora uma lágrima possa estar tão próxima
Este é o momento que você tem que continuar tentando
Sorria, de que adianta chorar?
Você descobrirá que a vida ainda continua
Se você apenas...

Se você sorrir
Com seu medo e tristeza
Sorria e talvez amanhã
Você verá que a vida continua
Se você apenas sorrir...

Este é o momento que você tem que continuar tentando
Sorria, de que adianta chorar?
Você descobrirá que a vida ainda continua
Se você apenas sorrir

domingo, 13 de maio de 2012

Incondicional


Para minha mãe



Eu poderia lhe presentear –
Se assim fosse possível,
Com toda riqueza deste mundo e,
Ainda assim,
Meu débito jamais seria pago –
As noites em claro quando a doença chegava indesejada;
O compromisso em me ver alfabetizada;
O incessante limpar de chão alheio para a comida não faltar.
Nada, absolutamente nada disso,
Poderia ser pago...

Poderia cobrir sua vida de conforto
E prazeres que lhe foram privados
Pelo dinheiro sempre curto
E, ainda assim,
Os calos continuariam marcados em suas mãos;
O suor do trabalho árduo eternizado em suas costas doídas e cansadas.
Eu poderia dar à sua vida – a toda ela,
Aquela folga tão sonhada que suas obrigações nunca lhe permitiram ter
E, mesmo assim,
Minha dívida continuaria –
Eu não pagaria a sua obrigação extra,
Em tê-la sido pai,
Quando a ausência sempre o manteve símbolo.
E você o foi como nenhum outro jamais seria.

Eu poderia te dar a vida que tanto merece e o destino poderia ter-lhe concedido,
Mas seria eternamente devedora –
Suas rugas em volta dos olhos e os cabelos brancos que avançam com a idade,
Continuariam me encarando,
Apontando-me pelas falhas que eu poderia ter evitado;
Pelos constrangimentos que me pesam num martírio;
Pelo grande orgulho que eu deveria ser,
Mas peco continuamente como ser humano.
Eu poderia te dar a minha própria vida para me redimir
Do peso que lhe tenho feito carregar,
Porém, morreria endividada.

Então, ofereço, humildemente,
As minhas mais sinceras desculpas.



Rayane Medeiros