sábado, 30 de junho de 2012

Seleção Natural




Quase onze horas da manhã, aproximadamente 40° C à sombra. Calor, quentura, mormaço, tudo junto, e eles lá, expostos, com os polegares humildemente erguidos e engolindo a poeira levantada pelos carros que passam ligeiros, fingindo não os ver. É assim, todos os dias, que os estudantes da UERN esperam pacientes (ou não) sua ida para casa. Eles riem de si, imploram, xingam, praguejam, um ou outro desiste, vai embora andando, agradecendo a Deus por ser aluno da UERN. Privilegiado. Afinal de contas, quem não gostaria de estar em seu lugar, não é mesmo?! Mas tudo bem, amanhã será outro dia, e lá estará ele, novamente, com os outros, que já saem da sala passando protetor solar, junto com seu kit carona: os óculos, o guarda-sol e o jaquetão jeans, disfarçando como ninguém, o inferno de se estar usando aquilo embaixo de um sol escaldante.
Mas eles não desistem, ora essa! E por que desistiriam? São privilegiados, esqueceram?
Nem se incomodam em passar quarenta minutos ou uma hora de pé sob o sol castigante; sob a chuva, que faz do Campus um pântano lamacento, ou a fome sem café da manhã. Fome? Imagina! Nem precisa almoçar, espera-se o jantar! Emagrece e ainda economiza comida. Não é excelente?! Pois sim, pois que se diminua uma refeição, de lucro ainda nos sobram uns tostões para a cópia dos textos. Os professores agradecem, sem dúvida!
Dito isso, entende-se que não há motivos para alarde. Que continuem os caroneiros insolentes que, ridiculamente, pedem carona à madame do “possante” – modelo última geração, marca não identificada, vidro fumê – que por eles passa à distância não calculada, evitando qualquer possível ataque; que alarma num simples e levantar de dedos pidões. Ele quase voa por entre o Campus, levantando do chão a terra quente e solta, que insistente vai encobrir os privilegiados que de tão empoeirados quase se perdem de vista.
Aposto que não sentem o mínimo de inveja de seus colegas das outras regiões, pois estes (tão privilegiados quanto o resto) têm um ônibus disponibilizado pela prefeitura de suas respectivas cidades, para levá-los e trazê-los da universidade. Inveja por que, né?!
Já se disse que o sofrimento é o que enobrece, pois este não seria um ótimo ensinamento para esses estudantes? E repito, são privilegiados! É assim: enquanto eles lamentam, outros desejam seus lugares. É a verdadeira Lei da Seleção Natural. Não aguenta? Então cai fora, malandro! 

Reticências



Do pecado de ser instável,
                    De ser volúvel,
                    De nunca abster-se:
Sou-me intensamente -
                   Permito-me,
                   Reinvento-me,
Desfaço-me em reticências...




Publicado inicialmente em http://textodegaragem.blogspot.com.br/

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ônibus: Nunca vi, nem 'peguei', eu só ouço falar




Uma coisa é certa, nos últimos anos o Pobre passou a ter acesso a bens que talvez jamais tivesse, como por exemplo, o seu próprio meio de transporte.  Mas mesmo com este salto das classes inferiores, a maior parte da população infelizmente, ainda não adquiriu o seu tão sonhado carro ou sua moto e necessita do transporte público para ir ao trabalho ou mesmo dá um passeio. Mas em Mossoró o que parece é que todos já têm o seu meio de locomoção e não necessita do serviço público, pois a falta de veículos para tal é um verdadeiro absurdo!

Esperar um ônibus nesta cidade se tornou sinônimo de dor de cabeça! A quantidade dos veículos é insuficiente para oferecer à população um serviço digno. As pessoas têm de esperar longos minutos, senão mais de uma hora nos pontos por um serviço que elas pagam e que lhes é oferecido de péssima qualidade.

Com a falta de veículos, surgiram mais táxis e foi criado o moto-táxi, mais usado pela população por ser mais prático e até mesmo mais econômico, mas como o custo é ainda superior ao que é cobrado pelo transporte público, não é todo cidadão que pode custear esses serviços, tendo que submeter-se a longas esperas.

Essa é a cidade modelo em desenvolvimento? Em cultura? Então me digam, cadê o repeito pelo cidadão simples, humilde, que trabalha diariamente, sol a sol nos alicerces para manter esta cidade firme?



CAOS COLETIVO


No 5º período de Jornalismo, eu e meus colegas de turma Cleânia Cristina, Marília Gabriela, Makcion Müller e Ramon Fernandes, com a orientação do Professor Esdras Marchezan, elaboramos um site tendo como pauta o http://www.wix.com/ramon-vitorf/caoscoletivo#!

sábado, 16 de junho de 2012

Riso




Dos vícios que coleciono na vida, o riso é o que menos resisto -
Aquele rir de dentes arreganhados, que mastiga meu juízo,
Pressionando os lábios num convite subentendido
Pr’um beijo intercalado de arrepios.

Dos vícios que coleciono na vida, o riso é o maior dos irresistíveis;
Que me leva ao pecado de ser vadio. 



Rayane Medeiros

Fogo de Palha



Não demore moreno,
Que minha Vontade tem vontade própria
E logo finda se teu fogo não vier transbordar o meu.  




Rayane Medeiros

sábado, 2 de junho de 2012

Perdição




E por não haver amor,
Ando atada à liberdade,
Tragando risos,
Enterrando desilusões.

Desenfreada,
Colecionando desapegos,
Entrelaçando-me em outras vidas,
Descartando frustrações.

Estou entregue à sorte,
À vida,
Às noites que viram dias;
Embrenhando-me nas esquinas que me espreitam,
Às estradas que me guiam.

E por não haver amor,
Rendo-me.
Estou entregue à perdição. 


Rayane Medeiros