sábado, 11 de junho de 2011

Hábito

"Um Hábito não é uma necessidade" (Fernando Pessoa)



Viver não ficou para todos
Sou mais um que apenas existe.
O sorriso me falha na cara
As mãos já não conseguem entrelaçar
Os lábios desistiram de tocar seus pares
A morte me sussurra vez ou outra
Em noites assim
Frias
Solitárias
Com os gatos interrompendo o silêncio familiar.
Mas algo me prende
Me consome
Como vermes vadios roendo um corpo frio
Permaneço eu
Devorando o próprio sofrimento.
Seja como for,
Eu simplesmente fico
Me excitando
Prazerosamente
Masoquistamente
Sem rancor ou pudor
Como n’um passatempo habitual que já
Me consumiu o ânimo.
Já não há o que me instigue
Me inspire
Que para a vida me convide.
Deixe estar, é o que digo,
Deixe estar!
Uma hora tudo há de se findar.


Rayane Medeiros

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